Boletins Informativos do CRR UnB-FCE
Boletim Informativo de Julho e Agosto
Boletim Informativo de Maio e Junho
UNBTV destaca campanha ‘Acolha, Não Puna’ em Brasília
A UNBTV, canal de TV da Universidade de Brasília esteve na Sala de Atos da UNB para acompanhar o debate sobre juventude e política de drogas, organizado pelo Centro de Referência Sobre Drogas e Vulnerabilidades Sociais (UNB-FCE) e parte da campanha ‘Acolha, Não Puna’ na capital brasileira. Assista abaixo:
Fonte: Plataforma Brasileira de Política de Drogas. Acesse aqui.
A posição da PBPD sobre o relatório anual do UNODC
Esclarecimento necessário feito pela Plataforma Brasileira de Políticas sobre Drogas a respeito dos dados do relatório sobre drogas da UNODC
No último dia 26, como acontece há muitos anos, o UNODC (Escritório da ONU para drogas e crimes) lançou o seu Relatório Mundial sobre Drogas. A publicação é um importante trabalho de compilação de de dados sobre produção, comércio e consumo de substâncias psicoativas (drogas) ilícitas, além de dados sobre prevenção ao uso problemático e tratamento.
O relatório é quase inteiramente produzido a partir dos dados enviados pelos países membros. No caso do Brasil, o último levantamento nacional sobre consumo de drogas foi apresentado em 2005, há dez anos portanto, e seus dados são os únicos reconhecidos pela Senad (Secretaria Nacional de Política sobre Álcool e outras Drogas). Uma nova pesquisa, contratada por edital pela Senad está sendo realizada pela Fundação Oswaldo Cruz e deve ter seus primeiros resultados publicados ainda neste ano.
Assim, o número apresentado pelo UNODC relativo à prevalência de consumo de cocaína no Brasil – 1,7% teriam usado no último ano – é uma extrapolação indevida de uma pesquisa realizada em 2010 com universitários. Sabe-se que o os jovens em idade universitária têm uma proporção bem maior de consumidores de drogas do que as médias nacionais. Infelizmente, o dado atraiu cobertura midiática alarmista sobre o crescimento do consumo de cocaína no Brasil.
É importante ressaltar que um outro levantamento de cobertura nacional, o II Lenad, realizado em 2012, encontrou uma proporção semelhante de usuários de cocaína no último ano. Embora esses dados não sejam reconhecidos como oficiais, eles indicam que, de fato, houve um aumento do consumo de cocaína, cheirada ou fumada (crack), nos últimos anos. E o fato de o último levantamento estar tão desatualizado (2005) dificulta um análise mais precisa da prevalência de consumo, o que é fundamental para orientar o debate acadêmico e os formuladores das políticas sobre drogas. Por isso, a PBPD defende que a Senad realize os levantamentos nacionais periodicamente em intervalos menores; dez anos é um período de tempo longo demais para identificar tendências de variação de consumo.
A PBPD também considera um equívoco que o UNODC utilize em seu relatório um dado obtido em uma pesquisa realizada com um grupo populacional específico como um dado oficial para todo o Brasil, gerando uma repercussão midiática de tom alarmista que pouco serve ao debate equilibrado sobre política de drogas.
Fonte: Plataforma Brasileira de Políticas sobre Drogas. Disponível aqui
Universidade sedia debate sobre drogas
Seminário organizado por docentes e ativistas aborda questão das drogas a partir de perspectiva integradora.
Alexandre Bastos - Da Secretaria de Comunicação da UnB
Mariana Costa - UnB Agência
Com o objetivo de discutir a questão das drogas de forma mais próxima e integrada ao público, professoras da Universidade de Brasília e ativistas realizaram o debate Juventude, drogas e violência nessa quinta-feira (25), no Salão de Atos da Reitoria.
A iniciativa contou com a presença das professoras Andrea Gallassi, do Centro de Referência sobre Drogas e Vulnerabilidades Associadas da Universidade de Brasília, Faculdade UnB Ceilândia (CRR/FCE), e Haydée Caruso, do Departamento de Sociologia da UnB. Também participaram o assistente social Fábio Félix e o coordenador de Relações Institucionais da Plataforma Brasileira de Políticas de Drogas (PBPD), Gabriel Elias.
Realizada pela primeira vez no Brasil, a campanha Acolha, não puna integra iniciativa global que acontece simultaneamente em diversos países. O projeto foi lançado no dia 25, véspera da publicação do relatório anual da ONU sobre drogas.
No dia 26 de junho, também é celebrado o Dia de Combate às Drogas. “Os movimentos sociais aproveitam a data para contestar a ‘guerra às drogas’”, lembra Gabriel Elias.
O debate na UnB buscou abordar uma perspectiva integradora sobre a questão das drogas. Um dos pontos mais criticados foi a relação de causa e efeito que é atribuída a juventude e drogas.
A professora Haydée Caruso afirmou que o número de estudiosos do assunto, nas Ciências Sociais, cresceu nos últimos 20 anos. “Apesar de termos avançado na produção acadêmica, não tivemos expressiva diminuição nos índices de criminalidade no país”, pontua Haydée.
Para Gabriel Elias, é preciso produzir ainda mais conhecimento sobre o tema no país. Ele lembrou que, apesar do atraso na discussão, avanços foram alcançados, como o projeto de lei de autoria do deputado federal Jean Wyllys (PSOL/RJ), que propõe a legalização e a regulamentação da produção da maconha no Brasil.
O coordenador da PBPD afirmou que existe relação entre o aumento do número dos encarceramentos no Brasil e o período de vigência da Lei de Drogas no país, em vigor desde 2006. Hoje, há mais de 600 mil presos no Brasil e, desse total, a maioria (27%) responde por tráfico de entorpecentes. Outros crimes, como roubo ou homicídio, correspondem, respectivamente, a 21% e 14% do total.
Fábio Félix, servidor da Secretaria da Criança do Governo do Distrito Federal, expôs a experiência como assistente social no extinto Centro de Atendimento Juvenil Especializado (Caje). “No Brasil, tem-se a impressão de que o jovem é inimputável, mas o que ocorre é uma responsabilização especial do jovem. Ele é punido, sim”.
Para os presentes, a questão envolve também abordagem educacional, para além do âmbito criminal. De acordo com a professora Andrea Gallassi, muitos educadores e gestores estigmatizam o jovem que se encontra em conflito com a lei. “Para alguns profissionais, esses jovens são vistos como ‘profecias que se cumprem’”, complementou Haydée Caruso.
DIFERENTES ABORDAGENS – A professora de Saúde Coletiva Dais Rocha compartilhou com os presentes sua experiência nas regiões administrativas de Itapoã e Paranoá com o projeto Fotovoz. Desde 2009, o projeto multidisciplinar busca criar políticas públicas por meio da prática fotográfica.
“Os jovens fotografam tudo aquilo que consideram ‘protetor’ ou ‘ameaçador’ em suas vidas. As fotografias resultantes são exibidas em uma exposição. Por fim, os agentes responsáveis pelas políticas públicas demandadas pelos jovens vão à abertura da exposição”, explica Dais.
Fonte: Secom UnB. Disponível aqui.